“Ressignificamos o salão de festas em uma nova experiência. A ideia é de um espaço fora do lar, mas que possua todas as amenidades para sentir-se nele. Livros compartilhados na estante, aconchegantes poltronas, lareira e demais elementos compõem um recanto, intimista como a poesia”. Esse é o conceito do Foyer Poema, espaço de uso comum de condomínio residencial projetado pela Stemmer Rodrigues Arquitetura e Incorporação no bairro Petropólis, em Porto Alegre (RS). De autoria da arquiteta e urbanista Ingrid Stemmer, diretora de projetos da empresa, o Foyer Poema conquistou o Prêmio AAInteriores 2020 na categoria Trabalho de Profissional.
O espaço está localizado no interior do volume de concreto e madeira que compõe a base do edifício, projetado a partir da valorização de propostas minimalistas, com elementos construtivos que trazem autenticidade em sua estética. O Foyer Poema foi planejado para prever tanto o uso apenas dos proprietários quanto para eventos, além de áreas destinadas ao preparo de alimentos, jantar e estar. A integração entre todas estas funções era primordial, assim como a permeabilidade com os jardins que o cercam.
Durabilidade, fácil manutenção, versatilidade e sofisticação são diretrizes que guiaram a escolha de acabamentos e o zoneamento. O propósito maior do Foyer é servir de extensão à casa dos moradores, convidativo ao uso de todos, em todas as horas do dia. Assim, reinventa o uso da área comum. No local onde normalmente haveria um salão de festas impessoal, com múltiplas mesas, foi configurado um ambiente como extensão do próprio lar. A inspiração veio dos tradicionais clubes ingleses, onde a disposição do mobiliário e a concentração dos elementos decorativos dão o tom à função do espaço.
Conforto e estética
Confortáveis poltronas e sofá em couro preto e tecido estonado, reunidos em torno da lareira em granito branco jateado, contrasta com a parede revestida de aço corten e dão boas-vindas a uma intimista sala de estar. O tapete em fibra natural e as mesas de centro e apoio em aço carbono com laca, todos em tons de grafite, complementam o recanto acolhedor, banhado por muita luz natural a partir das fachadas envidraçadas. As assinaturas de designers brasileiros, como Aristeu Pires e Guilherme Wentz, marcam a brasilidade do local.
A sala de jantar reúne até 10 convidados em uma grande mesa redonda, com centro giratório. A estante, idealizada pela arquiteta para o projeto, acolhe obras literárias cedidas pelos proprietários para compartilhamento, além de importante coleção de peças de arte indígena de tribos amazônicas, reforçando novamente a personalidade nacional.
A ilha gourmet é composta por um volume esculpido em concreto e tampo em granito preto
com cooktop, forno e pias, contornado por banquetas. Complementando essa zona, há uma cozinha de serviço para demais preparos, limpeza e armazenamento. A paleta cromática empresta tons dos elementos utilizados na construção do espaço, prevalecendo o cinza, o concreto e o amadeirado. A iluminação natural é maximizada por grandes painéis de vidro que revestem frente, fundos e parte da lateral do Foyer. Esquadrias de correr com amplas aberturas também asseguram uma excelente ventilação cruzada para controle natural de temperatura.
Sustentabilidade e acessibilidade
Pré-requisito para participação no Prêmio AAInteriores, o projeto deveria apresentar pelo menos uma característica de acessibilidade e/ou sustentabilidade. No Foyer Poema, a autora destacou que a escolha de matérias-primas e produtos regionais, tanto para elementos construtivos como para acabamentos e peças de mobiliário, foi uma premissa de projeto. Toda a madeira utilizada nos acabamentos provém de manejo sustentável com certificação. O basalto natural que reveste o piso é um subproduto da extração mineral. A seleção de peças de alta resistência e um estilo projetivo atemporal contribuem na longa durabilidade do espaço, em seu uso e em seu conceito, sem constantes revisões ou reformas que poderiam gerar desperdícios.
A acessibilidade foi contemplada no acesso ao espaço por meio de uma rampa de leve inclinação, integrada ao projeto paisagístico e estilo arquitetônico. As amplas aberturas são pivotantes e possuem seus perfis rebaixados ao nível do piso, permitindo livre circulação. Por fim, todo o piso, incluindo espaço interno, acesso e decks externos está nivelado, reforçando a ideia de um plano único e contínuo para utilização universal.
Sobre a autora
Ingrid Stemmer formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1987. É diretora de projetos da Stemmer Rodrigues Arquitetura, tendo sido responsável pela implementação da ISO 9001 na empresa em 2002, sendo a pioneira no Estado. Especializada em projeto arquitetônico, arquitetura de interiores e incorporação, a empresa vem, nas últimas três décadas, pensando a Arquitetura como uma ferramenta que reinventa o espaço urbano, traduzindo projetos em manifestações culturais. “Acreditamos que espaços podem fazer as pessoas mais felizes, por isso, nos desafiamos em compreendê-las e traduzi-las em projetos únicos”.
Fotos: Lucas Frank | Divulgação