Paisagem natural exuberante e silêncio rompido apenas pelo canto das aves. Esses foram os principais motivos que atraíram um casal de executivos de São Paulo a um condomínio residencial na cidade de Itatiba, localizada a 100 km da capital paulista. Associe-se segurança e privacidade, espaços de lazer e área de reserva florestal, com riacho e lagoa, e eles encontraram ali o lugar perfeito para realizarem o desejo da ‘casa de campo’. Ideal para descansarem aos finais de semana. E também para receberem amigos e familiares para churrascos e encontros festivos.
A casa foi comprada pronta, mas necessitava de diversas intervenções, inclusive nos jardins e nos taludes em volta da propriedade. Por outro lado, o casal desejava o mínimo possível de obras. Queriam conforto, em primeiro lugar, e espaços aconchegantes e atraentes para agregar pessoas. “O silêncio dos arredores e a paisagem do entorno precisavam ser traduzidos em espaço de descanso e lazer”, explica a arquiteta e urbanista Gislaine Saibro, contratada para o projeto, referindo-se à ambientação da ‘casa de campo’.
A linguagem deveria ser contemporânea e minimalista, mas com ares de “casa de campo”. O ‘aconchego’ seria traduzido pelo mobiliário, na maior parte adquirido na Capital. A lareira original foi mantida. Mas foi restaurado o revestimento de tacos de madeira em toda a altura do pé-direito duplo.
A atmosfera de tranquilidade tinha a medida na presença de animais silvestres. “Uma siriema e sua família ocupavam a área onde foi qualificado o espaço da churrasqueira. Com as obras, esses ‘hóspedes’ foram sendo desalojados aos poucos. Outros animais, como corujas, coelhos e lagartos, também apareceram. E, aparentemente, perceberam que precisavam ocupar outros espaços”, revela a arquiteta. Para ela, o clima campestre estava garantido com a proximidade de animais. Incluindo a gritaria das maritacas nos finais de tarde.
Casa de campo: intervenção geral
Com 480 metros quadrados, a casa conta com sala de estar com lareira, lavabo, estar com bar e grande adega. Tem ainda sala de jantar, cozinha, copa, área de churrasqueira com TV, banhos para piscina e sauna. Além das áreas para serviços de apoio no pavimento térreo e varanda equipada com mobiliário apropriado. No segundo pavimento, apresenta quatro suítes, sendo uma delas com amplo closet e escritório. Todas deveriam ter projeto semelhante para garantir as mesmas condições de aconchego a todos os hóspedes. A pedido, um espaço de TV foi criado junto à área íntima, para reunir a família e convidados, com continuidade em uma sala de café e leitura. “Assim, antes de se recolherem, as pessoas teriam, ainda, a oportunidade de se reunir e usufruir das cobertinhas previstas pra todos, com café e petiscos carinhosamente servidos”, detalha Gislaine.
Toda a casa recebeu intervenção, com a substituição de revestimentos, acabamentos, iluminação, pinturas e condicionamento térmico. Foi feita também a manutenção das áreas de varanda, terraços, piscina e churrasqueira. O piso em pedra portuguesa, existente na entrada e no entorno da piscina, foi recuperado, assim como o deck. Os taludes em volta da casa foram recuperados com gramados e canteiros, e toda a iluminação externa foi tratada. Focos de luz especiais conferiram qualidade aos espaços dos jardins, varandas e piscina, qualificando o entorno também para uso noturno. “À noite, a casa conta com o mesmo aconchego que tem durante o dia, quando está ensolarada”, afirma Gislaine. A arquiteta selecionou mobiliário, objetos decorativos e obras de arte para toda a residência.
Aconchego em primeiro lugar
Na ambientação dos espaços, a arquiteta priorizou o uso de móveis ‘de demolição’ em meio ao mobiliário contemporâneo e de design assinado, como era preferência dos clientes. A ‘rusticidade’ também está presente nos tapetes orientais rústicos especificados para todos os ambientes e nas cortinas de linho instaladas nas áreas sociais. Os tons neutros foram priorizados, assim como a iluminação natural e o conforto térmico.
O espaço da churrasqueira foi fechado com esquadrias de vidro temperado para permitir o uso durante todo o ano, com o devido conforto. Uma grande mesa quadrada para a sala de jantar foi prevista. Na área da churrasqueira, um grande balcão (arcaz) do tipo buffet, de demolição, foi garimpado para oferecer ainda mais acomodação em almoços e jantares. “Há possibilidade de tomar café da manhã na sala de jantar, na copa ou na área da churrasqueira, dependendo do espaço que preferirem aproveitar”, comenta Gislaine. Nos dormitórios, armários de duas portas e criados de demolição. Adesivos com mensagens estampadas buscam transmitir o carinho e cuidado com que todos serão recebidos.
Com escritório em Porto Alegre, Gislaine Saibro é experiente na condução de projetos e obras em outros estados. “Uma equipe completa foi contratada e as visitas ocorreram a cada 15 dias, na maior parte do tempo. E pessoas de confiança foram mantidas na casa, durante as obras, para receber móveis e manter tudo limpo e organizado”, detalha. Os principais desafios foram atender ao período determinado pelos clientes – de apenas seis meses –, considerando a distância e os prazos de entrega dos serviços contratados e do mobiliário adquirido.
Fotografia: Leandro Furini | Divulgação
________________________________
Diplomada em 1984 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atua em Arquitetura de Interiores há 35 anos. Além de dedicar-se à atividade profissional em seu escritório, Gislaine sempre manteve importante atuação junto a entidades representativas da profissão. Foi ex-conselheira federal e ex-vice presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), representando o Rio Grande do Sul. Na AAI Brasil/RS, da qual é associada há 30 anos, participou de várias diretorias, tendo sido presidente em mais de uma gestão. Na atual, é vice-presidente. Atualmente, também é diretora de comunicação do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (SAERGS).