Proposta de revitalização da Ilha da Casa da Pólvora vence prêmio do IAB-RS

Revitalização da Ilha da Casa da Pólvora, projeto do arquiteto Pedro Paulo Leggerini Luzardo Oliveira, vencedor do Prêmio José Albano Volkmer

A proposta ‘Memória e paisagem: revitalização da Ilha da Casa da Pólvora‘ foi o vencedor do Prêmio José Albano Volkmer, realizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS). A autoria é do arquiteto e urbanista Pedro Paulo Leggerini Luzardo Oliveira, orientado pelo professor José Carlos Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A iniciativa reconhece arquitetos gaúchos recém-formados que receberam em suas faculdades a Menção Honrosa pelo melhor trabalho de conclusão de curso em 2017.

O projeto vencedor é uma intervenção na llha da Casa da Pólvora, uma das trinta ilhas espalhadas pelo lago Guaíba, situada a pouco mais de 1 quilômetro do cais do porto de Porto Alegre e da Usina do Gasômetro. A estrutura do local é composta por três edificações, o Paiol da Pólvora, a Casa da Guarda e a Casa da Chácara, construídas em 1852. O arquiteto Pedro Paulo relata que a Ilha recebeu melhorias pelo programa Pró-Guaíba, mas elas acabaram não sendo levadas adiante e que, atualmente, o local encontra-se abandonado e fechado para o público.

“O projeto surgiu porque eu tinha muita vontade de trabalhar com algum equipamento do Guaíba e comecei a pesquisar a respeito. Daí eu me deparei com o Pró-Guaíba, que foi um programa de revitalização e despoluição do Guaíba e que incluía uma revitalização sócio-econômica da região”, relata.

As construções da Ilha, que faz parte do Parque Estadual Delta do Jacuí (PEJD), foram restauradas, mas a administração das Unidades de Conservação da Região Metropolitana foi transferida da Fundação Zoobotânica para a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), ainda nos anos 2000. “Então fecharam o acesso público à ilha. A ideia era que se reformassem essas construções para que fossem feitos museus que retratassem o ecossistema. Mas isso foi interrompido, nunca chegou a funcionar, os terrários ficaram vazios”, conta o arquiteto.

Em seu projeto, ele estudou o plano de manejo do parque, que continha dois principais polos de atividades: situado ao sul e vinculado ao Paiol da Pólvora e à Casa da Guarda, estabelece-se o Museu do PEDJ, voltado ao turismo ecológico e cultural e ao lazer; e situado ao norte e vinculado à Casa da Chácara se estabelece o Centro de Pesquisa PEDJ. Clique aqui e saiba mais.

‘Sensibilidade no desenho’

Já existia, no plano feito a partir do Pró-Guaíba, a intenção de fazer uma trilha conectando o norte ao sul da ilha. Isso, segundo Pedro Paulo, serviu de base para o projeto. “Eu pensei em dar uma escala maior para isso, dei uma ampliada na escala do projeto, mas o uso inicial, proposto pelo plano de manejo, se manteve, assim como o desenho da trilha”, afirma.

Ele lamenta que as reformas que ficaram prontas até 2000 já estão se deteriorando, como as trilhas de madeira e o trapiche de acesso. “Dizem que é cheio de pulgas o Paiol da Pólvora, que é onde seria o museu. Tem dois caseiros, mas está bem largado. O projeto chegou a ser concluído, mas na hora de botar os espécimes, foi interrompido, a Sema barrou”, conta.

O júri  técnico que escolheu o trabalho como vencedor apontou, em parecer, que o projeto “revela sensibilidade no desenho e na inserção dos elementos construídos na paisagem” e “considera de forma coerente a escala dos elementos naturais e construídos pré-existentes como condicionante de sua arquitetura”. A comissão julgadora considerou que a espacialidade e acessibilidade propiciadas pelo sistema de passarelas elevadas são destaques na proposta.

A cerimônia de premiação ocorreu na sede do IAB-RS, no dia 8 de dezembro, quando foi anunciado o vencedor e o trabalho Destaque, concedido a ‘Paisagem Multifuncional em Campinas: plano de infraestrutura verde-azul’, de Paulo Carvalho, orientado pela professora Daniele Tubino, da Unisinos. Após a cerimônia, os trabalhos concorrentes e premiados puderam ser conferidos em uma mostra.

O presidente do IAB-RS, Rafael Passos, destacou a história do prêmio, nomeado em homenagem a José Albano Volkmer, que foi presidente do IAB RS em três ocasiões e docente de diversas faculdades de arquitetura. Passos anunciou, ainda, que, a partir de 2019, as escolas poderão indicar até três trabalhos para concorrer ao prêmio, ao invés de apenas um. Nesta edição, cerca de 30 projetos participaram da etapa estadual do Prêmio.

 

Fonte: IAB-RS